terça-feira, 11 de maio de 2010

Negrito

' Trocam emails com uma educação forçada. Deixam tudo engatado e fingem que estão bem, tocando suas vidas com novos planos e projetos. Como se fizesse muito tempo desde a última vez que se falaram. Como se, de fato, tivessem vivido algo.
Ela não quer ser simpática e nem amiga. Quer perder horas contestando e pedindo porquês para uma lista de coisas. Quer gritar, dizer que tudo foi culpa dele. Que ele, a razão dela ter parado de fumar, foi também a razão pra ter voltado. Que aquela simpatia toda era uma fraude. Que, óbvio, que ela queria que ele largasse tudo e ficasse com ela, como nos filmes.
Não quer, mas tem raiva. Uma raiva imatura. Quer amassá-lo e jogar fora na lixeira mais próxima, como um rascunho que nada serviu. Mas, ela ainda insiste em não ver ele ainda intocável na mesa dela, como uma folha nova, pronta pra ser escrita a qualquer momento.
O nome dele em negrito está lá novamente no email dela. Ela se angustia, mas já sabe que deve ser feito dessa vez. '


crônica à uma amiga.

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