sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Tão fácil de enxergar... E chegar


Ainda que imersa em um mundo de tons e sons, me vejo ausente de toda turbulência do acaso. Nele seu maior risco é o preto e branco do ensejo, que visto a olho nu recicla todo prefácio. Ainda que preze por transpor pensamentos em palavras, observo-me sem saber o que dizer, porque enquanto se tem fé, a vida nos prega peças.

Em comum com as cores do universo, as luzes de outros mundos parecem mais translùcidas, como se houvesse permissão para o alcance de diversos interiores. Entretanto, eis que surge a minha vez. Tempo de cautela, de essência, de seleção.
Tempo de decolar. Modelar o pseudo-inatingível, e saber olhar com outros olhos.

Como em um túnel, segui no escuro focado em algo que me levava à frente. Apezar das vertigens, o alcance não é mais areia em minhas mãos. Agora meus passos são hesitantes, divididos em trechos, rastejados de lugares por onde andei morosamente. Muitos já teriam sido percorridos, e o trecho iminente... seria um destemido salto ao ar.

Tudo enfim, tão forte, tão intenso e tão estranhamente simples que não conseguia mais viver sem aquilo.

Rafaella Telles

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Encruzilhadas sentimentais


Que canseira, Deus meu. Canseira da saudade de momentos e sentimentos loucos e contraditórios. Uniam-se lágrimas e risos sem esforço algum. É intemporal a sensação que me provocam. Tão forte!

Palavras, riscos e rabisco bebidos como água, saboreados nos detalhes que envolvem a minha realidade e aumentam o contraste das cores, o volume dos sons e o sabor dos ensejos. Extrapolaram a minha probabilidade de sorrisos e preencheram o predicado de tudo em que hoje eu sou sujeito. Cativaram calmaria para meu coração com a suavidade da voz e a lógica que me falta, mas sem conseguir esconder as palavras que chamam pelo meu corpo quando as horas passam a ser contadas e as boas lembranças usadas.

Nesse turbilhão todo há um destaque, o qual se propaga até chegar onde deve. E onde deve é no corpo inteiro, no corpo da alma, no corpo da mente. Mistura e pureza que interceptam o efémero. Nada tão sublime há de ser transitório.

Tantas palavras lindas ditas, recitadas, cantadas e coloridas. A qualquer instante quebrando a monocromática rotina, onde todas as verdades, as mais puras verdades, vêm à tona traduzidas em sons e tons variáveis que preenchem áreas d´alma jamais antes preenchidas. Não é um ponto final. É um ponto-parágrafo.

Rafaella Telles

domingo, 5 de outubro de 2008

união


Se alguém acredita ser capaz de dominar as palavras... muito enganado está. As palavras têm vida e personalidades próprias, e circulam livremente por aí. A vergonha, por exemplo, anda acompanhada do sorriso, que mantém-se sempre contido, pequenino. Porém certas vezes o sorriso passeia sozinho... e sorriso sem vergonha é outra história... Sonho é palavra leve, que desliza livre por todos os cantos e não obedece nem mesmo a senhora lógica. Aliás tudo que o sonho não faz é obedecer regras. Ele é o que quer ser e ponto final. Medo é pesado, se arrasta pelo chão e reluta para dar qualquer passo. Por algum motivo, tem horas que o medo cresce, toma dimensões gigantescas e seus passos duros parecem esmagar a confiança e tantas outras palavras. Só nunca atingiu a esperança. Essa é palavra levada, apressada... sempre chega antes de todos, e nunca, nunca deixa um recinto. Dizem que ela é eterna. Esperança é parceira do sonho, e juntos sempre convidam a alegria à participar das festas. Há quem diga que a lágrima é palavra indecisa, pois nunca sabe ao certo quem acompanhar. Prefiro acreditar que ela é sociável. Responde prontamente aos convites de felicidade, mas também se faz presente nos momentos que a tristeza pede companhia. Até mesmo visita a solitária solidão! Criatividade sempre com suas idéias revolucionárias, propôs uma reunião entre todas as palavras. Com seu magnetismo atraiu todas as palavras para seu redor, e convenceu-as que juntas criariam uma nova companheira. Todas se esforçaram, deram seu melhor... assim nasceu poesia.

(Danonielle)